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A LENDA DO BICHO CIDRÃO

O som é aterrador e toma conta do corpo e do espírito de quantos o ouvem, num misto de desassossego e angústia, num desejo de fugir e de ficar, numa ânsia indizível de despenhamento. Parece um uivo mas é também um grito, profundo e rouco que devia vir das entranhas da terra mas surge inesperado do alto da serra. São centenas de gargantas escancaradas e escarpadas gemendo alto uma dor qualquer que é natural, e por isso mesmo, sem tempo e sem fuga. (...)
O Pico Cidrão é uma serra quase inacessível ao homem. Habitam-no o vento e a águia. Constituído por rocha basáltica, negra e dura, é todo ele recoberto de cavernas abertas como bocas escancaradas.
Conta-se que há tempos habitou aquelas paisagens abruptas e quase inexpugnáveis um pastor. Esse homem tinha um cão que era o único e fiel amigo de muitas solidões. Habituado àquelas lonjuras feitas de escarpas, o cão tornara-se quase tão bom saltador quanto as cabras que guardava.

Um dia, recolhia o pastor o seu rebanho, o cão, que andava atrás de um animal extraviado, calculou mal o salto e despenhou-se no vácuo, resvalando de escarpa em escarpa. Rolou; rasgou-se nas lâminas de pedra num uivo de dor imensa e acabou sendo ele mesmo um pouco de cada rocha.
Como sempre ante o irremediável, o ser humano segue um de dois caminhos: ou se fecha num castelo inexpugnavelmente seco e silencioso, ou retribui à Natureza o golpe inexplicável e sempre tão aparentemente inútil que é a morte, num grito feroz de lágrimas.
E o pastor fez-se eco do uivo do cão:
- Que mãe és tu, que me rouba o irmão, o amigo!...
Tu, que tudo me tens negado, tu, vens tirar-me o companheiro da minha vereda!! Maldita sejas! Maldita... e só, para sempre! Ah! Antes o tivesse um dia oferecido ao Demo!...
O vento tomou conta do uivo e da maldição, e das palavras fez sibilações. Enquanto o pastor viveu, guardou-as nas cavernas do Pico, escondidas e secretas, onde só a águia penetrava para as limpar da poeira do tempo. Quando, por fim, o pastor se foi juntar ao companheiro de outrora, o vento ordenou à águia que soltasse o uivo e a maldição que num eterno jogo de escondidas habitam desde então as alturas do Pico Cidrão.
Dizem as gentes da região que aquele grituivo aterrorizante provém do ser híbrido e demoníaco que são os espíritos dos dois amigos, finalmente um só, o Bicho Cidrão.

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